quarta-feira, 8 de maio de 2013

Decretado o fim da morte! Só por cima do meu cadáver ;)

De novo? Que chateação... se alguém está pensando em acabar comigo, pense muito bem nas consequências....:(
Gianne e Paulo se conheciam há cinco anos.... estavam casados há um ano.

Seres humanos são estranhos... comemoram tudo... ou quase tudo. Fico imaginando o porquê de tantas comemorações... pra tudo há uma data especial. Não sei pra quê! Em minha modestíssima opinião, cada comemoração lembra que os dias passam... que o tempo passa... que estou mais perto.... então pra que comemorar!?

Então, em vez de comemorar datas especiais... talvez os seres humanos devessem passar por elas como se fosse algo o mais próximo do que se chama de normal... ou, pensando de outro prisma... comemorar cada dia como um dia especial... afinal é mais um dia... um dia a mais que a pessoa ganhou... sei lá... acho mesmo é que não gosto de comemorações.

Talvez seja porque inevitavelmente nessas datas comemorativas, tenho mais trabalho... não que não goste de trabalhar - nem gosto, nem desgosto; também sei que não é porque alguém estava comemorando algo que aconteceu algo e eu cheguei. Eu só chego quando chega a hora... talvez seja mera coincidência eu trabalhar mais em datas comemorativas... também trabalho mais em outras ocasiões: guerras - nem se fala -, acidentes da natureza... fenômenos da natureza... e por aí afora.

Acho apenas que estou adiando de contar que cheguei para Gianne e Paulo... pode ser.

Definitivamente, hoje estou sentimental.... talvez eu devesse ter uma amnésia passageira... esquecer que estou registrando lugares... pessoas que a vida abandonou (veja bem: a vida abandonou).

Mas... respiro fundo e vamos lá.

Gianne decidiu comemorar visitando uma bela cidade catarinense que fica mais bela em certos invernos quando a neve chega. E conversou com seu amado marido... 'oh! estou pensando a mesma coisa que você', falou ele, sorrindo.

Seres humanos apaixonados têm dessas coisas... pensar a mesma coisa, ao mesmo tempo (nunca entendi muito bem isso.... coisa de alma gêmea, será?).

Saíram de Curitiba, cidade em que moram, e pegaram a estrada.

Passavam pela serra que é considerada uma das mais lindas do mundo, com seus cânions (vou colocar uma foto no fim do texto pra você ver que estou dizendo a verdade). É linda, mas há problemas... sinalização e outras coisitas mais...

Pois é! Eu ja estava ficando tonta com tantas curvas. Curvas lindas, mas perigosíssimas...

Antes que eu ficasse tonta de vez e perdesse os sentidos, foi o carro que perdeu o sentido e voou... voou - coisa que carro não deve fazer.

Gianne e Paulo não conseguiram comemorar.... algumas coisas realmente não fazem sentido... nem pra mim - mas, quem sou eu pra questionar?

www.portalmenina.com -

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Decretado o fim da morte.... só passando por cima do meu cadáver ;)
A empresa havia crescido assustadora e maravilhosamente. Os números aumentavam em progressão geométrica nos últimos dez anos... dez, não oito anos. Nos últimos dois anos, desciam ladeira abaixo... na mesma proporção que haviam subido.

Alex, o grande empresário, saíra do nada, ou do quase nada. Começou com uma carrocinha de cachorro-quente (herdada de seu pai) na saída do maior colégio da cidade... pra segunda carrocinha foi um pulo... e, geometricamente, o número de pontos subiu....

E ele diversificou: pizzas, hambúrgueres, sanduíches naturais....

Saíra das ruas, agora trabalhava em um prédio de três andares... na cobertura morava com sua esposa, Liana, e sua filha, Marcela...

Nos outros andares a SUA empresa. Que orgulho sentia... nem lembrava das vezes em que a carne de seus hambúrgueres não era de primeira qualidade... não era de qualidade nenhuma, na verdade.

'Coisas ruins não são para serem lembradas.' Seu lema... e assim seguia sem peso nenhum na consciência.

Mas os números caiam vertiginosa e assustadoramente.... 'Exatamente, estamos falidos', repetiu pela quinta vez Fábio, um homem calvo, com óculos imensos, que o deixavam mais feio do que já era. Fábio era o contador de confiança de Alex, em reunião com ele naquele momento.

Alex levantou-se ruidosamente, lançou um olhar fulminante para o vazio às suas costas. A passoss largos, saiu ruidosamente.

Um silêncio mortal preencheu a sala de reuniões. Um frio passou pela espinha de Fábio, um ligeiro tremor...

O barulho do elevador na direção da cobertura. Depois silêncio total.... por alguns instantes.

Bang!

Quebrou-se o silêncio minutos depois... O coração de Fábio começou a bater aceleradamente... enquanto o de Alex tum-tum... tum-tum... tum... ... ...



sábado, 4 de maio de 2013

Para José Honório o dia começa sempre com a luz do sol ou da lua... Tudo dependia do que estava acontecendo em cada dia. Estava no Afeganistão desde o início de 2001. Não era repórter de guerra, virrara repóter de guerra. Repórter não... fotógrafo.

José era apaixonado por fotografia. Havia feito vários cursos, conhecia todas as técnicas... e conhecia também o melhor ângulo, pela prática. Tinha girado meio mundo, fotografado as belezas naturais, consequências das catástrofes naturais... havia fotografado gente... gente bonita, bem alimentada, bem vestida. Mas também havia gente não tão bonita, gente que a vida tinha estragado, maltratado.

Fizera exposições em dezenas de lugares. Era aplaudido... sua fotografia era completamente humana. A sensação que se tinha ao vê-las é que as árvores iriam se balançar com o vento... que os pássaros sairiam voando... que as flores iriam exalar seu perfume... que as pessoas sairiam andando.

Tamanha perfeição!

Agora esta lá... no meio da guerra. Há melhor lugar em que fotos mais originais podem ser feitas? Fotos sangrentas...nojentas... destruição por decisão humana... fotos esquartejadas...

A guerra o atraía... ou melhor, o resultado concreto da guerra o atraía.

Acordou, com a luz do sol ou la lua... Preparou-se para mais um dia de trabalho. A melhor foto do dia, na capa do melhor jornal estaria. Saiu do hotel, e seu motorista o levou na direção das melhores fotos...

A guerra tem seus próprios planos. Um bombardeio - contra os inimigos - só contra os inimigos. Mas uma bomba não consegue diferenciar inimigo de amigo... cheguei para ambos.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Às vezes a coisa certa é a coisa errada.

Paulo não respondia os e-mails de Angela. Estava cansado. Havia se divorciado de Laura há dois anos. Como ele amava Laura.

Mas ela encontrou outro. Pediu o divórcio e deixou Paulo com as duas filhas. Uma vez por mês, Laura aparecia, pegava as meninas e passava o fim de semana com elas. Domingos, 20 horas, impreterivelmente, ela as devolvia. Devolvia como se devolve um livro que havia pedido emprestado.

'Onde está o amor que Laura sentira pelas filhas?', se perguntava Paulo a cada 'desova'.

Angela poderia fazê-lo feliz? Amaria suas filhas? Ele não sabia e, por isso, não respondia os e-mails dela, não atendia o telefone... fugia. Até aquele dia...

'Quem sabe!?', pensou consigo mesmo e aceitou o convite para passar o fim de semana juntos - ele, ela e as meninas.

Laura teria de 'ceder', naquele fim de semana as meninas ficariam com ele... era o fim de semana de Laura, mas ela teria de aceitar... Já havia feito planos? Levaria as filhas a Petrópolis? Paciência, Petrópolis teria de esperar.

Uma ´'família', ou um 'quase família' feliz, ou 'quase feliz', curtiu Parati. A linda Parati.


www.infoescola.com

Laura curtiu Petrópolis.


centralturismos.com.br
Domingo fim de tarde.... chuva, muita chuva no estado do Rio. Desmoronamentos, barreiras, desmoronamentos....

Laura e seu companheiro não voltaram. A chuva era forte, o morro veio abaixo... no momento 'certo'... ou 'errado' em que o carro de Laura passava.

Às vezes a coisa certa é a coisa errada.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Michel sente-se preso ao corpo... meio corpo. Tem 45 anos e há vinte sofreu um acidente que o deixou paraplégico.

Michel ficou gravemente ferido em um acidente de moto. Consequência: perda de controle e sensibilidade dos membros inferiores, impossibilitando-o de andar e dificultando-o a permanecer sentado.

O acidente ocorreu há vinte anos. Já são vinte anos de luta para se manter mentalmente equilibrado.  Sua esposa, Anne, tudo faz para amenizar o sofrimento de Michel... mas ele está cansado de se sentir prisioneiro em um corpo que não responde aos estímulos.

Tentou  se adaptar, esforçou-se em se reeducar fisica e mentalmente à sua nova condição. Aceitou a cadeira de rodas... aceitou a total dependência, ou pelo menos acha que aceitou. Está resignado à condição de meia vida. E meia vida é pior, para ele, do que vida nenhuma.

Ouço ele suplicando pra que eu chegue. Sinto piedade, mas não posso atender às suas suplicas, até hoje...

Eu sei que, para ele, o pior é a perda do controle de suas necessidades fisiológicas... a remoção da urina acumulada na bexiga 'o mata lentamente', diz sempre. Mas ele colabora... colabora... por um tempo.

Ele está exausto, eu vejo isso...infecção urinária pode ajudá-lo. Então, Michel, que bom que você desistiu de colaborar.

E eu chego e o liberto da meia vida que leva... liberto-o da vida que não leva.

É, pra muitos sou liberdade....