O primeiro sintoma de que alguma coisa não ia bem apareceu na sexta-feira à noitinha quando Josiane subia a ladeira íngreme para chegar em casa.
Havia trabalhado o dia todo. Sextas-feiras era exatamente assim: muito trabalho. O apartamento de Joel era enorme e ele não era nadinha cuidadoso.... era mesmo muito relaxado.
A louça se acumulava em cima da pia, na máquina de lavar, em cima da mesa.... copos na sala, no quarto.
A roupa então... nem se fala esparramada pela casa toda.
Josiane começava a faxina cedo, bem cedo. Já fazia cinco anos que faxinava a casa de Joel. Já havia tido oportunidade de trocar por outro apartamento, mais perto de casa, menor... talvez até menos bagunçado.
Mas gostava de Joel. Pagava certinho e tudo o que não queria mais dava para ela. Era assim que não precisava comprar camisas para seu marido, roupas de cama... banho.
E Joel também ajudava muito com medicamentos para seu filhinho - de uma gripe qualquer até à internação por sérios problemas respiratórios. Joel cuidara de tudo no hospital onde trabalhava: até internar o pequeno Luca pelo SUS.
Josiane sentiu um calafrio. A luminosidade do sol era pouca... mas dava para perceber o movimento de pessoas em frente à sua casa - a última da rua estreita e sem saída.
Queria correr, mas não conseguia... suas pernas não lhe obedeciam. Não tinha medo de morrer, não temia se despedir da vida, mas... 'não meu filho', pensou!
Não é a primeira nem a última história de mãe que sente que levei seu filho... ela sabia sem nem mesmo saber... eu havia passado em sua casa naquele fim de tarde.
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